Terminal de Contentores da Trafaria: Um Frete aos Lobis do Aço

TejoTrafariaGoladaO fecho da Golada e o terminal da contentores da Trafaria teriam efeitos mais dramáticos na paisagem do Tejo do que o mostrenguinho da Silopor (em segundo plano, à direita)

Sexta-feira passada, o Ministro da Economia apresentou um projeto de um terminal  de contentores na Trafaria, inserido no plano da Administração do Porto de Lisboa.  O Sr. Ministro não apresentou nenhum estudo económico justificando esse investimento.

Nem apresentou, nem podia apresentar, pois não existe esse estudo. O terminal de contentores de Lisboa continua a ter capacidade não aproveitada. Os portos de Setúbal e Sines também.  Um terminal na Trafaria obrigaria a obras faraónicas, não só marítimas mas ferroviárias, para desencravar esse portinho.

Com efeito, um tal  terminal exigiria o fecho da Golada do Tejo. A golada é uma ligação terrestre entre a Trafaria e o Bugio, que outrora era transitável apenas na baixa-mar. O  projeto do fecho da Golada foi chumbado pelo Ministério do Ambiente em 1992.

Ainda que o fecho da golada fosse admissível, o investimento não teria a menor justificação económica. O mais extraordinário é que o terminal da Trafaria foi  afastado pelo ministro do Mar, comandante Eduardo Azevedo Soares, durante um governo do Psd, há uns vinte anos.

O Economista Português lamenta que o Doutor Álvaro Santos Pereira tenha emprestado o seu nome a este projeto, que apenas interessa a lóbis. Como é possível autorizar um investimento, para mais desta monta, sem um estudo de custos e benefícios? O leitor sabe como é possível. Ou é possível devido apenas ao desespero para apresentar obra a fazer por parte de um governo dia a dia mais desnorteado?

É também lamentável que o governo se prepare para proibir a operação portuária em Lisboa a montante de Alcântara. É proibir a criação de riqueza a troco de nada – exceto talvez a troco de mais especulação imobiliária, para o suposto aproveitamento dos terrenos assim libertados e  esmagando mais ainda o valor da propriedade em Lisboa.

Os comentários estão fechados.