Fontes: Desemprego: Ameco; Câmbio face ao dólar: a partir dos cálculos de H. de Bodinat, citados no texto, com o câmbio médio do Euro a 1,35 dólares
«Se o euro não existisse e as moedas dos diferentes países europeus pudessem ajustar-se às competitividades das respetivas economias, como manda a teoria económica neoclássica, o euro alemão valeria provavelmente 1,70 dólar, o euro holandês cerca de 1,30 dólar, o euro francês 1,10 dólar, o euro italiano um dólar e os euros espanhol, português ou grego menos de 0,90 dólar», escreveu há dias Henri de Bodinat, presidente da Time Equity Partners, um fundo de investimento especializado em comunicações; acrescentou: a taxa de câmbio único do euro é uma «benção» para a Alemanha, cuja competitividade é assim aumentada, e uma «maldição» para Portugal ou para a Grécia, cujas competitividade são diminuídas. Bodinat considera que a 1,35 por dólar, o euro está revalorizado 10-15%.
Este «colete de forças» causa o desequilíbrio das balanças de pagamentos exteriores e, na ausência de desvalorizações nacionais ou de solidariedade financeira das economias mais ricas, exige a «desvalorização interna», imposta pelo Banco Central Europeu, pela Comissão Europeia, pelo Fundo Monetário Internacional: baixa dos salários e pensões, deflação e por fim desemprego, sobretudo dos jovens.
Bodinat propõe uma lei do desemprego dos jovens causado pelo euro: esse desemprego é igual à percentagem de revalorização do euro para cada economia, acrescida de 10% de desemprego estrutural. Segundo Bodinat, os jovens desempregados votarão nas próximas eleições em listas antieuropeias: «o integrismo do euro mata a Europa».
O Economista Português procedeu à correlação linear dos valores do desemprego em 2013 e das taxas de desvalorização/ revalorização monetárias nacionais de H. de Biodinat. O coeficiente de correlação é positivo e alto: 0,8, sendo o máximo a unidade. Por isso, sabemos que não é por acaso que o desemprego aumenta com a revalorização. Não se trata apenas de estatística: quem estudou Moeda ou Economia Internacional sabe que revalorizar a moeda embaratece as importações e encarece as exportações. É essa a causa do desemprego português: importações mais baratas fecham unidades produtivas portuguesas, e a adaptação a uma nova função de produção leva mais tempo ou nunca ocorre. O aumento recente das nossas exportações é devido ao aproveitamento da capacidade instalada, que permite reduzir os custos unitários, talvez com sacrifício de algumas margens de lucro.
O Economista Português rejubila por haver um economista reputado que está ao corrente dos efeitos do câmbio sobre o PIB: a economia portuguesa não sobreviverá muitos anos ao atual câmbio do Euro e talvez a lição de Bodinat seja ouvidapelos seus colegas portugueses.
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