Orçamento 2016: O Doutor Centeno cobre-nos de Vergonha face a Bruxelas e às Pessoas com 12 Anos de Escolaridade >>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>> Ou como é escolhido o Cobrador de Fraque e seus Auxiliares

Os próximos auxiliares do cobrador de fraque dos nossos credores?

O Economista Português aprova o princípio de negociar duro com Bruxelas, desde que seja previsível que essa negociação melhore a nossa situação económica e não sirva apenas para viabilizar uma dada forma de governo. Na realidade, estamos apenas a escolher quem será o próximo auxiliar do cobrador de fraque. O cobrador de fraque será o Dr. António Costa, que anunciou desacelerar o nossos ajustamento e já prometeu acelerá-lo. A Comissão de Bruxelas escolherá nos próximos dias os novos auxiliares do cobrador de fraque que mantém pelo semiprotetorado.

Convém calcularmos o ponto da situação dessas negociações. A comissão de Bruxelas escreveu uma carta censurando o facto de o esboço do orçamento não respeitar a meta do défice orçamental, por despesismo. O Dr. António Costa declara que a questão é técnica – o que é um paradoxo, pois se fosse apenas técnica, tipo vírus Zica, o primeiro ministro não interviria. O Doutor Centeno produziu um «esboço de orçamento» recheado de tretas levantinas; por ordem cronológica de publicitação: O Economista Português, o Conselho de Finanças Públicas, a Moody’s, o Fitch, o S&P, a UTAO todos acham que as contas não batem certas. Queira o leitor apreciar três levantinices do Doutor Centeno

  • Levantinice 1: aumenta a previsão das receitas estatais menos do que a das despesas e afirma que assim diminuirá o défice estrutural (o aumento da despesa é alheio à fase do ciclo económico).
  • Levantinice 2: a extraordinária previsão de crescimento económico a 2,1%, sem a menor base na realidade.
  • Levantinice 3: a este orçamento tecnicamente vergonhoso, o seu autor apõe explicações táticas hilariantes, do tipo às segundas, quartas e sextas, o seu orçamento é de «contenção» (=austeridade) e às terças, quintas e sábados diz que ele satisfaz o PCP e a extrema (=antiausteridade). Por isso, a questão política do orçamento português tem uma dimensão técnica e os os homens de Bruxelas, estão cá para averiguarem o que é a célebre folha de Excel do Doutor Centeno. Isto é: vieram tirar nabos da púcara.

Ao mesmo tempo, Bruxelas mandou para a comunicação social a sua crítica dos números do «esboço orçamental»: prevê um aumento do défice estrutural e coloca na mesa uma diferença de 2,5 mil milhões de euros entre o «esboço» de Centeno e os compromissos assumidos pelo regime que felizmente nos rege. É dinheiro: é 1,5% do PIB.

Bruxelas ataca onde dói, sob o pretexto daquilo a que o Dr. Costa chama «tecnicalidades». O credor avalia a capacidade do devedor em função de dois critérios: o PIB cresce? O saldo orçamental é positivo? Se o PIB não cresce, a economia não tem dinheiro para alimentar um saldo orçamental positivo; e, sem saldo orçamental positivo, nenhuma Estado amortiza a sua dívida.  O Doutor Centeno quer resolver o problema com rábulas de guarda-livros do século XIX. A desacreditada Comissão de Bruxelas responde-lhe em linguagem técnica e  anuncia a chegada do oficial de diligências: ela só se preocupa com os nossos credores e o Dr. Costa acredita que o Sr. Juncker anda mortinho por ganhar o voto dos portugueses do Luxemburgo.

 

Ou fechadas as contas o de cima será o próximo auxiliar do cobrador de fraque dos nossos credores?

Como acabará este episódio? A comunicação social mais dependente do governo anuncia que estamos no «fio da navalha». É a lógica de dramatização, que se acentuará nos próximos dias. Na realidade, os portugueses estão apenas a mudar de cobrador de fraque e seus auxiliares. O Dr António Costa necessita da aprovação de Bruxelas para ter a certeza que os nossos credores instarão o Dr. Passos Coelho a ser de novo seu auxiliar nas suas funções de cobrador de fraque , caso lhe seja necessário para conseguir a aprovação parlamentar do orçamento – e é isso que o Dr. Costa irá a Berlim procurar.  A maximização da probabilidade de apoio de Bruxelas é dada pelo erro tático do PCP  e do Bloco de Esquerda, que deram o seu voto a um orçamento antes de ele existir. Deram? Ou deram só meio-apoio? O meio-apoio tem outro efeito.  O apoio do PCP/BE sugerirá a Bruxelas a necessidade de criticar a primeira versão do orçamento, para clarificar o ambiente e por uma razão de segurança. Ficaremos por aqui?

O Dr. Costa e a comissão de Bruxelas querem ambos esticar a corda. A Comissão Bruxelina está para Portugal como o BdP (Banco Doutro País) estava para o Banif: fiscalizava-o e tinha o direito de o mandar para a falência. O BdP é um catavento  de nenhures e a Comissão de Bruxelas é um comité de credores: o BdP mandou o Banif para a falência e a Comissão de Bruxelas entretém-se a escolher o cobrador de fraque dos juros e amortizações dos nossos credores – ou o cobrador ou os seus auxiliares, veremos. Talvez queira mudar de cobrador, os nossos socialistas governamentais andam estranhamente nervosos. A Comissão Europeia é o «supervisor financeiro» do governo português; escolherá o novo cobrador de fraque, e/ou seus auxiliares, e não nos lançará à falência, pois sabe que isso lhe sairia caro já que não tem por lá uma equipa Costa/Centeno  disponível para aumentar impostos à vontade do credor. Vai tudo acabar bem: o IRS do leitor servirá para o Dr. Costa e o Doutor Centeno pagarem aos nossos credores.

O Economista Português termina o presente post com um abraço de solidariedade com os técnicos portugueses, anónimos, dedicados e competentes, que estão a defender um orçamento indefensável perante os incompetentes e poderosos técnicos de Bruxelas. Obrigado, coragem

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